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A filosofia da democracia de Protágoras

  • Foto do escritor: gleidianadantas
    gleidianadantas
  • 30 de set. de 2015
  • 3 min de leitura

1. Democracia na antiguidade grega.

Atenas foi uma cidade especial. Solon, em 594 a.c. faz reformas politicas que permite a todos os cidadãos atenienses participarem da assembleia, deliberando sobre o futuro da cidade e elegendo os funcionários do Estado. No entanto , em 507 a. C., o governo Clistenes instaura a democracia. Antes do surgimento da democracia o regime politico grego era controlado pelos grandes proprietários de terra. O privilégio e o nascimento eram os critérios para que as instituições políticas fossem organizadas nas mãos de uma minoria. Com o aparecimento do ideal democrático, essa minoria perdeu lugar para a figura de um cidadão capaz de argumentar, fazer escolhas, criticar concepções e defender perspectivas. 


2. Sofistas

São famosos e numerosos os sofistas que atuaram na Grécia antiga, em especial em Atenas, onde a cultura floresceu com mais evidência. Híppias, Pródico, Antístenes, Trasímaco são apenas alguns exemplos históricos destes que inventaram um certo modo de viver numa política que pressupunha a isonomia (leis iguais para todos os cidadãos). No entanto, podemos destacar especialmente dois dos maiores sofistas de todos os tempos: Górgias e Protágoras. Protágoras é conhecido como o primeiro sofista. Sua fama se estendia por todas as colônias e era um homem culto e bem sucedido. Aliás, a estima do público, a vaidade e o reconhecimento era algo de que todos os sofistas se valiam, pois para eles o que importa é o momento e jamais o que se tem depois de morto. Questões espirituais eram descartadas, gerando algumas acusações de impiedade, das quais o próprio Protágoras conseguiu escapar.


3. O mito e o discurso de Protágoras

O mito de Protágoras é uma boa polarização teórica ao livro VI de “A Republica”. Os dois textos começam com uma alegoria/mito cuja linguagem analítico-conceitual – que, no texto do “Protágoras”, comprovaria a mensagem figurada do mito. Segundo a narração do mito, a arte da guerra faz parte da arte politica. Ate hoje o aparato militar é função do Estado – o que se consolidou na modernidade com o principio do uso exclusivo da violência pelo Estado.

A origem da cidade e do Estado começa com aquilo que não é útil como a amizade, o respeito e o senso de justiça. Todos devem constituir a cidade em que cada um inspira e conspira valores pela cultura. A cultura é um patrimônio comum a todos, feito por todos e o serviço de todos. Cultura essa que, agora assim, com a vida comum e solidaria, faz a coletividade social sobreviver. Alguém dizer que não consegue se comunicar com os outros seria uma autocontradição performática. Como o ato de falar é um ato politico, alguém dizer que não é politico também é uma autocontradição performática. Independentemente se a fala é para muitos ou para poucos, ela será sempre uma expressão publica.


4. Verdade jurídica – politica e verdade técnica – cientifica.

A verdade jurídica – politica da democracia se opõe a verdade técnica cientifica: a) A verdade jurídico politica respeita a opinião contra o saber rigoroso e linear do episteme; b) valoriza a quantidade em detrimento da qualidade; c) estimula a contradições de posições contra a logica de identidade e não contradição; pois na matemática não faz sentido afirmar que dois é igual a não dois.

O “Protágoras” de Platão nos explica a competência técnica como o exemplo de alguém que diz tocar flauta, mas quando lhe pedem

para tocar uma musica sente vergonha por sua incapacidade. De um ponto de vista politico e em conformidade com cultura democrática da cidade, quem se diz fora dessa cultura seria o louco e insensato. Todos receberam esse recurso indispensável para a convivência mútua.

Uma ótima metáfora de Protágoras é a língua grega. Da mesma forma pela qual se aprende a língua aprende-se a virtude politica. Para falar grego, todos aprenderam para participar daquela comunidade cultural e, portanto, tiveram mestres. Quem foi, porem, seus mestres? Todos! Não são exclusivamente os pais que educam culturalmente o cidadão.


5. A importância da opinião para a democracia.

O poder da palavra se sobressai em varias profissões. Ademais, o domínio da linguagem sinaliza poder. Seja a fala do professor com relação aos alunos; a de um magistrado num tribunal ou de um líder religioso na igreja. A democracia, ao inverso, pressupõe a equivalência de vozes, todos devem falar com ousadia e escutar com humildade. A opinião passa a ser determinante na vida politica democrática. Para além do conhecimento racional, os sofistas valorizam a persuasão. Eles visam despertar a emoção das pessoas com a finalidade de conquistar votos numa assembleia ou para vencer uma disputa no tribunal. No entanto, a democracia permite que uma decisão possa ser revista quando se alcança uma nova maioria. Não temos apenas direitos e deveres. Para tanto, saliente-se que a democracia não é só quando a maioria decide, mas quando a minoria não é cerceada em seu direito de se expressar e se articular para se defender suas próprias ideias.


 
 
 

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